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Há 451 anos era fundado o concelho de Esposende. Há trinta passaria a ser cidade. As datas foram assinaladas no passado sábado pela autarquia.

No ano em que a cidade foi criada, José Monteiro, entrava pelas portas do Café Mananita depois de ter respondido a um anúncio de emprego. Tinha chegado de Viseu três anos antes. “Já vi mudar tudo. A cidade evoluiu”, constatou. Olhando para o largo onde o café se encontra, junto da marginal, referiu como exemplo: “olhe este largo tinha uma rotunda e passavam aqui carros”. Um cenário que mudou com várias obras. A última “demorou um bocado, mas tem de ser”.

A vida mudou para ele. Agora é o proprietário do café numa cidade “calminha e boa para se viver”, salientou ao mesmo tempo que confessava estar dividido “no amor” pelas cidades onde nasceu e onde vive.

Poucos metros ao lado, uma loja chinesa, tinha as suas portas abertas para quem ali passasse, mesmo apesar da chuva que se fazia sentir. Pedro, o nome português que adotou, não chegou a Esposende, há tanto tempo como Vitor Monteiro. “Vim pequenino”, revelou. Algo que aconteceu há cerca de 15 anos. De Esposende tinha o sentimento de ter “sido bem acolhido”. De tal forma que “fundeou” a sua vida ali. “As minhas duas filhas já nasceram aqui”, disse com um claro sorriso de pai. Facto que o agradava pois “ali é um bom local para viver”.

Esposende, antes da fundação do concelho, pertencia a Barcelos. Mais de quatro séculos e meio depois, a barcelense Elisa Gonçalves fazia uma pausa, na visita a Esposende, numa esplanada. A razão de estar ali tinha respostas fáceis: “Esposende é espetacular, as pessoas são simpáticas e é muito limpinha”, disse.

“Sou suspeito para falar de Esposende”. Quem o afirmou foi Vassalo Abreu, que foi autarca de Ponte da Barca durante 12 anos, mas que nasceu na freguesia das Marinhas. “Costumo dizer que nasci na terra mais linda do mundo embora, agora, viva na terra mais porreira do mundo que é Ponte da Barca,”, disse soltando uma gargalhada. Recomposto do momento de humor analisou: “Esposende teve um salto fantástico. Cresceu e o turismo mostra, por exemplo, essa realidade”. E sendo de Esposende, ponderar-se-ia uma nova aventura autárquica? “Há uns largos anos falaram nisso, mas já não tenho idade”, respondeu, relembrando que toda a sua vida está, agora, no concelho barquense.

Vassalo Abreu estava em Esposende para assistir à cerimónia comemorativa levada a cabo pela Câmara Municipal, na qual, um cunhado iria ser homenageado pelo executivo de Benjamim Pereira. À chegada e falando aos jornalistas antes do discurso oficial o autarca não tinha dúvidas: “Valeu bem a pena deixarmos de estar sobre a alçada de Barcelos há 451 anos e termos a nossa autodeterminação”.

“Felizmente muita coisa boa tem acontecido. Temos tido muitas obras em andamento, projetos imateriais colocados no terreno na área da cultura e na área social. Somos um município em franco crescimento”, afirmou.

Já se dirigindo aos convidados, Benjamim Pereira começou por homenagear “os habitantes que em meados do século XVI, insatisfeitos com o afastamento a Barcelos, onde tinham de tratar os seus assuntos e as suas querelas, e também insatisfeitos com algumas medidas adotadas, tiveram a arte e o engenho de convencer o jovem Rei de Portugal D. Sebastião, da justiça das suas reivindicações. E assim conquistaram a possibilidade de seguirem o seu caminho, dando-nos a possibilidade de evoluirmos de acordo com os nossos desígnios e determinações”.

Sobre o percurso desde então, o autarca considerou que “erros cometidos, houve com toda a certeza, mas o saldo é incomensuravelmente positivo. Valeu a pena a luta, valeu a pena a persistência, valeu a pena a determinação, nesta forma de estar deste povo que, diariamente, nos inspira para o desempenho da nossa missão”.

Benjamim Pereira regressou depois ao presente para salientar a “situação estável e equilibrada”, do concelho, do ponto de vista financeiro. “A título meramente indicativo, e se compararmos o nosso orçamento de 2014, que foi de sensivelmente 18 milhões de euros, com o de 2023, que foi de 36,7 milhões de euros, verificamos que o seu valor mais que duplicou em 9 anos. Acrescentando um saldo de gerência superior a 8 milhões de euros relativo ao ano de 2022 e somando aos orçamentos das empresas municipais, cujo capital é integralmente municipal, verificámos que estamos perante um orçamento global que se aproxima dos 53 milhões de euros. Tudo alcançado com uma política fiscal amigável, onde se pratica o IMI mais baixo, não há derrama para as empresas, não se paga ocupação de espaço público para esplanadas, não se paga publicidade, onde há incentivos e apoios à fixação de empresas”, disse.

“Temos um município em franco crescimento, um crescimento sustentável, gerador de emprego e que contribui para a fixação de pessoas no nosso território”, salientou o edil realçando que em outros campos como o da cultura “o município é hoje uma referência para outros”.

As próximas medidas políticas:

- Taxa Turística tendo em vista os custos de manutenção das ciclovias, ecovias e demais equipamentos de usufruto público. “É imperativo apresentar medidas de aumento de receita para fazer face a estas despesas”, referiu Benjamim Pereira

- Estacionamento Pago em determinadas zonas pois, segundo o autarca se corre o risco de “afastar as pessoas dos locais de comércio e do centro da nossa cidade”

- Agravamento do IMI dos edifícios devolutos como “forma de incentivo à regeneração urbana”.

Projetos em desenvolvimento:

- Intervenção de Requalificação de Cedovém/Pedrinhas

- Barra de Esposende

- Zona Desportiva Municipal

- Ponte sobre o Cávado

- Rede de Miradouros

- Centro de Divulgação Científica no Forte de S. João

- Parque da Cidade

Homenageados:

A Medalha de Honra do Concelho foi atribuída a José Francisco Brás Marques, enquanto a Medalha de Mérito Municipal foi atribuída a Manuel de Jesus Losa, António José Morais Figueiral Conde e a José Maria Vieitas de Amorim.

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