A mulher como figura central da Romaria d’Agonia dá o mote à exposição “Festa é Festa – A emoção é muito delas”. Uma mostra que junta as fotografias do vianense Víctor Roriz e a pintura da luso-descendente Nathalie Afonso. No total, nos Paços do Concelho de Viana do Castelo, podem ser contempladas 20 pinturas, 10 fotografias e três esculturas.
A exposição conjunta acontece após a amizade criada entre os dois artistas. “A Nathalie pediu-me umas fotos o ano passado e inspirada nestas começou a pintar o que era, para ela, a romaria e a festa”, revelou Víctor Roriz. Sequência disso lançou-lhe o desafio para exporem.
“Foi um trabalho sobre os trajes e gostei muito de tudo aquilo que se ligava a Viana do Castelo e, por isso, não havia melhor momento para expor do que durante a Romaria”, disse, por seu turno, Nathalie Afonso.
Esta colaboração surge naturalmente, porque no fundo “são artes que se complementam, são fotografias com materiais diferentes”, considerou o fotógrafo vianense. “A pintura é uma fotografia, uma visão da artista que a transporta para a tela. Nós temos a visão atrás da máquina. No fundo geramos imagens”, complementou.
E o que levou a pintora para as suas telas? “Paixão, liberdade, o lado das mulheres guerreiras, no fundo o Minho cheio de cores”, explicou Nathalie Afonso, que apostou, essencialmente, “no vermelho do traje e no dourado do ouro”.
E é a mulher que tem o centro da atenção de ambos. “Ao longo destes 35 anos que fotografo a festa entendi que é uma festa da mulher. Começando, desde logo, pela Nossa Senhora, a mãe”, disse Víctor Roriz. “A festa começa com o desfile da mordomia, onde milhares de mulheres se expõem e convidam toda a gente para a emoção, para a romaria, para a vaidade e para a chieira”, salientou, relembrando ainda que depois se fala “do ouro que elas levam ao peito ou dos trajes das mordomas”.
Tanto Víctor, como Nathalie, se dedicam às suas “artes” há mais de três décadas. Ele vem do tempo “em que se poupava os rolos durante o ano para se ter em número suficiente para a Romaria”. A fotografia digital mudou tudo, embora ele “continue a gostar do analógico porque se tem outra preocupação ao fotografar pois não se dispara tão rapidamente, obrigando a maior atenção e cuidado”.
Nathalie, por seu turno, já levou as suas obras de arte a várias galerias de França, Canadá, Brasil, Estados Unidos da América, Itália e Alemanha. Também faz escultura, garantindo que entre esta e a pintura “a paixão se divide de igual forma”.
A parceria que se iniciou com esta exposição vai se prolongar para lá das fronteiras portuguesas, com exposições conjuntas já previstas para o Museu do Louvre, em Paris, ou, ainda, em Deuville, também em França.