Que Cipriano Oquiniame é um apaixonado pela Romaria d’Agonia não seria dar grande novidade. Que ele as pinta nas suas telas com paixão também não o seria. A novidade é a exposição que tem exposta na Casa Manuel Espregueira, em Viana do Castelo, em que nas suas aguarelas, desta vez, o pintor retrata o momento de “afeitar” das mordomas momentos antes do cortejo.
“É uma exposição que retrata as mulheres a arranjarem-se, no momento antes dos grandes momentos”, diz o artista plástico que adotou a cidade de Viana do Castelo como sua.
Nas várias aguarelas expostas encontram-se “momentos de intimidade, de reencontros, onde as mulheres trocam cumplicidades antes da partida do grande desfile”, revela Cipriano Oquiniame. “No fundo são momentos mais descontraídos e genuínos e não na pose de desfilar”, complementa o pintor.
O traje no seu trabalho artístico surge naturalmente até porque encontrou um ponto de ligação emocional - ao estuda-lo - entre Viana do Castelo e a sua cidade natal Cacheu, na Guiné Bissau (geminada com a vianense). “Em Cacheu quem faz os trajes são os homens. São eles que trabalham nos teares. Aqui são as mulheres”, revela, admitindo ter sido este um dos motivos pela sua paixão pelo traje à vianesa, pois de certa forma, acaba por “reportar às suas origens”.
“Afeitar” é uma exposição, mas é, também, um projeto que Cipriano Oquiniame está a desenvolver com Alfredo Abranbes, de Lisboa e no qual se pretende, desde logo, a transição do mundo físico do pintor para o on-line, mas, igualmente, o desenvolvimento de outros projetos como o que está já previsto: uma gala solidária em que o pintor irá doar uma obra para leilão.
A exposição pode ser vista até 15 de setembro.