Com o pré-anuncio do Doutor Marques Mendes, acerca da franca possibilidade de se candidatar á Presidência República, daqui a dois anos e meio, não tenho a menor dúvida, que ele está perfeitamente convencido, que vai repetir o feito do atual Presidente da República, usando a mesma fórmula de glosa, no horário nobre, e ao domingo.
Fruto da sua sapiência, credibilidade e sentido de estado, que Marques Mendes normalmente demonstra, além do respaldo concedido pelo canal SIC, que lhe alterou o seu espaço de análise do sábado para domingo, quando Marcelo Rebelo de Sousa abandonou a TVI, graças a essas circunstâncias, alcançou e conservou uma notoriedade sem paralelo, sendo provavelmente quem nesta lógica de opinião televisiva, detenha o maior número elevado de audiências.
Garantido, pela visibilidade e o protagonismo que a SIC, lhe confere, mantendo por sinal os indicadores de assistência estáveis, inclusive com a chance de aumentar essa cotação, impulsionado pela sua pré-intenção de ocupar o mais alto magistério da nação, Marques Mendes intuiu claramente que o palco televisivo, que ele usufrui ao seu belo prazer, permite-lhe ter uma vantagem considerável sobre os seus putativos adversários, rumando-o em direção á vitória final.
Ora esta mudança de paradigma, instituída de modo latente, por Marcelo Rebelo de Sousa, que através de 15 anos de comentário, seja na rádio e na televisão, forjou essa prática, apenas confirmou o poder abissal emanado pela comunicação social, principalmente a que esmiúça cirurgicamente as incidências políticas, no grande ecrã.
Contudo rebobinando para trás, lembro-me do papel residual que os comentadores suscitavam há 20 anos, sendo apenas requisitados pelos blocos informativos, para esclarecerem uma ocorrência grave e inusitada, ou de grande impacto no país ou no mundo, convidando-se pessoas de alto gabarito, ligadas á ciência, forças armadas, medicina, sociologia, etc, que emitiam pareceres maioritariamente justos e assertivos. Claro que nessa altura e com enorme frequência já se realizava debates entre representantes das forças políticas, e até os deploráveis e dispensáveis enfrentamentos entre adeptos dos clubes grandes, os inefáveis “Donos da Bola de 1992”, que a Sic deu azo, e infelizmente ainda continua em diversos canais, em formatos da mesma espécie, debitando banalidades e impropérios, como tivessem numa tasca qualquer, galhardeando-se mutuamente, por causa dum penalti ou um golo em fora de jogo.
Aliás outro exemplo taxativo e concludente, desta proeminência doentia do futebol, que atinge praticamente toda a sociedade, alcandorou um individuo chamado Rui Santos, que arrazoa semanalmente na televisão, já alguns anos para cá, as vicissitudes desportivas da primeira liga.
Não obstante, a exígua importância, que este comentário, efetivamente contempla para a vida das pessoas, apesar do interesse prestado pela generalidade dos fanáticos por futebol, Rui Santos ao intitular-se como um homem providencial, e sem um contraditório, á altura para lhe fazer frente, nunca perde uma oportunidade para desancar duramente no seu clube rival, neste caso o F. C. Porto, não sendo nada benéfico, para ajudar a pacificar o futebol português.
Todavia, e tirando o aspeto gritante do comentário do futebol na televisão, sou favorável que essa reflexão expressa por pessoas conceituadas, se proceda regularmente, especialmente em termos políticos e sociais, pois muitas vezes no nosso quotidiano, não conseguimos acompanhar as peripécias da vida, nem sequer entender o contexto da informação, quando é relatada de forma pragmática, precisando posteriormente de debruçar-nos atentamente, sobre a sintetize elaborada periodicamente, pelos tais comentadores residentes.
Independentemente do suposto ou não poder que esta gente ilustre veicula, considero fulcral, para a nossa democracia, cultura e informação de qualidade, a premência da sua utilidade, pese embora, cada um à sua maneira, puxe a sua sardinha, para a sua brasa evitando assim, que as novas gerações, se entreguem definitivamente á volúpia das redes sociais.