A Distrital do Chega de Viana do Castelo retirou a confiança política ao deputado municipal Manuel José Moreira. O deputado acusa a estrutura de não se “ter dignado a justificar a decisão” que soube por um telefonema do presidente da Câmara Municipal.
“Com efeito, mesmo sem ter sido formalmente informado das razões que levaram à minha retirada da confiança política por parte da Comissão Política Distrital de Viana do Castelo do CHEGA, fui forçado a assumir-me deputado independente”, refere. No dia em que soube, foi o dia em que nasceu o seu neto. “Não vi emails e soube por um telefonema do presidente da Câmara a informar-me da decisão”,
Manuel José Moreira critica a distrital de, até agora, “não se ter dignado indicar os motivos dessa decisão, como lhe competia”.
“Foi-me confidenciado por terceiros, que terá sido por supostamente ter votado a favor do último orçamento de câmara, indo contra as indicações de orientação de voto da Comissão Política Distrital. Mas a ser verdade, esta fundamentação é grave por faltar à verdade”, acusa o deputado municipal. “Votei contra o plano de atividades e orçamento, como se pode ler na mensagem que me foi remetida pela secretária da Assembleia Municipal. Também está disponível para consulta, no portal da câmara, a ata da reunião”, relembra.
“Não votei sempre contra a câmara porque estou aqui para defender a minha cidade e os vianenses, mas não foi o caso apontado”.
“A verdade é que, foi posto em prática um plano de perseguição pessoal e política, perpetrado pelos membros dirigentes desta distrital, logo após a tomada de posse. Com efeito, mantiveram-se amigos enquanto lhes foi conveniente terem-me ao seu lado para financiar e trabalhar a campanha, e ainda, assegurar votos para a lista que os elegeu”, refere Manuel José Moreira.
“Lamento que depois de tanto trabalho em criar uma distrital em Viana do Castelo, e que era uma referência nacional, genuinamente constituída por alto-minhotos, muito comentada internamente e tida como um exemplo a seguir, seja agora, depois de tomada por militantes do distrito do Porto e presidida por Elsa Abreu, o reflexo do que de pior se pode ver na política” crítica, severamente, Moreira.
Um lamento que se estende à Direção Nacional a qual “não acautela os interesses do partido, limitando-se a fazer fé em tudo o que é reportado pelas distritais, sem previamente verificar se estão a agir dentro da lei ou não. E assim, porque não há qualquer controle à atuação dos dirigentes distritais, agem impunemente de forma autocrática, em atropelo constante à lei partidária e princípios éticos, motivados exclusivamente por interesses pessoais”.
Por isso, diz, “foi criada uma polémica à volta das telas publicitárias da sede, de tal ordem, que acabou por envolver outro membro, António Salvador, ex-secretário da Mesa, por este último denunciar a tentativa de desacreditação em curso, repondo a verdade em minha defesa. A situação ficou de tal ordem insustentável que me demiti do cargo de vogal”.
O deputado municipal garante que “por essa mesma razão, António Salvador passou a ser perseguido, banido dos canais de comunicação e bloqueado nas páginas da distrital, exclusivamente por me defender e denunciar as más práticas deste órgão. Esta situação levou inclusivamente a uma chamada de atenção à presidente da CPD, pelo ex-Presidente da Mesa, Nuno Araújo”.
“Na sequência de atos contínuos antidemocráticos, que violam todos os princípios éticos e morais, e perpetrados pelos dirigentes distrital, o Conselho de Jurisdição de Viana do Castelo, demitiu-se em bloco em franca discordância com a forma de atuação da Presidente da CPD, Elsa Abreu e seus vices”, garante, ainda, Moreira.
No entender do deputado municipal “fica claro que nunca foi uma questão de orientação de voto que esteve na origem da minha retirada de confiança pela distrital, que em boa verdade, se fosse o caso, e estivessem a agir de boa-fé, teria de haver, na minha modesta opinião, uma repreensão seguida de um aviso, antes de serem tomadas decisões definitivas que fragilizam a imagem do partido junto dos militantes, e defrauda as expectativas dos munícipes que votaram em mim”, afirma, ainda.
Manuel José Moreira anuncia que continuará a “cumprir com o dever de representar os interesses dos alto-minhotos - que depositaram nele a sua confiança - na Assembleia Municipal, apesar de ser, agora, deputado independente”.
Publicação do Facebook revelou mau estar em dezembro de 2022
A 18 de dezembro de 2022, na página oficial do Facebook da Distrital do Chega é publicado um post intitulado “Este é o Sr. Deputado Municipal de Viana do Castelo, Manuel Moreira” . A publicação expõe fotos do deputado num almoço de amigos. “Prefere um almoço com amigos, a estar presente num evento político importante, sob a forma de "almoço de Natal", organizado pela Distrital que tutela a sua ação, prestigiado pela presença do deputado Filipe Melo e de militantes, não só de Viana do Castelo, mas também dos Distritos do Porto e de Braga”, começa por dizer a distrital.
“Mais grave ainda, ter participado numa Assembleia Municipal ordinária, na noite anterior, onde, entre outros pontos em agenda, foram apresentados e votados o Plano de Atividades e Orçamento 2023 e a 2a. Retificação orçamental 2022, tendo se abstido e deixado passar as pretensões socialistas, quando as indicações específicas, comunicadas atempadamente, da sua Comissão Política Distrital e da Comissão Autárquica Nacional, fossem o voto "contra", acusa a estrutura partidária.
"O voto contra traduz a ausência de confiança total do Chega e dos munícipes nas governações autárquicas socialistas onde proliferam ações constantes e lamentáveis de prevaricação, corrupção e má gestão de dinheiros públicos", lê-se.
“O Sr. Deputado Manuel Moreira feriu de morte a nossa relação política, institucional, de confiança e de tutela. Pode continuar a fazer juras de fidelidade e empenho ao nosso líder André Ventura, que os factos apenas nos demonstram que é um homem do sistema e subserviente ao poder socialista instalado no Município de Viana do Castelo".
"Definitivamente, o Sr. Deputado Municipal Manuel Moreira não representa a 3a. maior força política nacional, que é o Chega, mas antes, interesses próprios, ou de terceiros, que em nada favorecem os vianenses que em nós confiaram”, acusa ainda a Distrital do Chega.