Visitar banner
Visitar banner

O Santuário de Nossa Senhora da Peneda em Arcos de Valdevez foi classificado como Conjunto de Interesse Nacional / Monumento Nacional, a mais alta distinção patrimonial portuguesa, através do Decreto n.º 27/2023 de 12 de outubro.

Este reconhecimento é a concretização de um processo de inventário e estudo que associou o Município de Arcos de Valdevez, a Confraria de N. S. da Peneda e a Diocese de Viana do Castelo, resultando assim na classificação de um monumento singular em Portugal, que associa a História, a Religiosidade e a Natureza, no Parque Nacional Peneda Gerês, único em Portugal e classificado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera, como nenhum outro santuário mariano no país.

A esta distinção soma a uma outra recente, que inscreveu a Romaria de N. S. da Peneda no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

O santuário foi construído entre os finais do século XVIII e o terceiro quartel do século XIX. A igreja foi terminada em 1875, embora seja provável que a tradição secular de Nossa Senhora das Neves e a dinâmica beneditina estabelecida pelo percurso dos monges do Mosteiro arcuense de Ermelo para a Fiães, em Melgaço, desse lugar ao estabelecimento de um pequeno espaço de culto em redor do século XIII.

Diante da igreja encontra-se o escadório das virtudes, com estátuas representando a Fé, a Esperança, a Caridade e a Glória, datado de 1854, obra do mestre Francisco Luís Barreiros.

Após um largo triangular onde se situam os antigos dormitórios para os peregrinos (hoje transformados num hotel), o santuário desenvolve-se numa alameda arborizada em escadaria, com cerca de 300 metros e 20 capelas, com cenas da vida de Cristo.

Uma das capelas ostenta uma inscrição que atesta ter ela sido oferecida pelo negus da Etiópia. Ao fundo da alameda, numa praça circular, situa-se um pilar oferecido pela rainha Maria I de Portugal.

Na primeira semana de Setembro realiza-se no santuário um grande arraial popular e uma enorme festividade, com um dia, inclusive, dedicado aos romeiros galegos, numa conjugação única de tradição, religiosidade e celebração popular.

Diz a lenda que ter-se-ia verificado uma aparição da Virgem, Nossa Senhora das Neves, em 5 de Agosto de 1220, a uma pequena pastora.

A mesma lenda reporta-se a uma passagem anterior: por volta de 716 ou 717 os cristãos, fugidos ante a invasão dos sarracenos, teriam deixado uma imagem entre as enormes fragas da Serra da Peneda.

Implantada uma ermida/templo medieval, o culto de Nossa Senhora da Peneda aumentou gradualmente em Portugal e na Galiza, afluindo largos milhares de romeiros ao longo do ano, mas muito especialmente na primeira semana de Setembro.

O Templo enquadra-se harmoniosamente em majestoso trecho da serrania, tendo ao longo do pictórico vale vinte capelas onde se evocam as cenas bíblicas de major intensidade, precedida de um átrio com as imagens do quatro evangelistas.

Culmina, este invulgar santuário, por um condigno pórtico e escadaria com patamar onde se ergue imponente coluna encimada pele imagem de S. Miguel Arcanjo.

Foi nos últimos três séculos que o Santuário beneficiou de maior impulso, sob os pontos de vista espiritual e materialmente, a ponto de constituir presentemente o Altar de Fé mais em evidência na região setentrional do País.

Ultimamente, foi-lhe acrescentada uma segunda torre, o que pôs termo ao desiquilíbrio arquitectónico, obra onerosa da diligente Mesa da Irmandade, constituída pelos Padre José Borlido de Carvalho Arieiro, José Machado Veloso e Araújo Dias.

PARTILHAR: