Infelizmente desde que se desencadeou a invasão russa ao território ucraniano, em 24 de fevereiro de 2022, nunca mais nos conseguimos livrar deste tormento, denominado “inflação”, infligindo ao nosso quotidiano, sérios problemas, no que concerne á gestão de índole financeira, e por consequência, coartando-nos a nossa felicidade, pois sentirmo-nos cada vez mais pobres e levianamente condicionados, pelas várias instâncias capciosas e usurpadoras do sistema económico.
Claro que a inflação, só nos preocupa consideravelmente, quando esta incide sobre aspetos essenciais da nossa vida, como os custos da alimentação, energia e habitação, enquanto os restantes bens e serviços, não tendo o mesmo significado e importância, para a nossa rotina diária, obviamente são cada vez mais relegados para segundo plano, e, por conseguinte, dispensáveis, por não se acharem tão prementes e inadiáveis, ou então por se revelarem supérfluos e banais.
Mas o que me escandaliza sobretudo, e que no fundo é transversal á generalidade dos portugueses, atribui-se ao aumento colossal dos preços dos bens alimentares, que desde fevereiro de 2022, atingiu a marca de quase 20% cento de inflação, em comparação com esse momento, não obstante, a taxa de iva, zero, ter-se fixado em muitos produtos, mas que afinal não soube para rigorosamente nada, pois a bolha e o sistema ligado a este ramo, continua nesta fronda obstinada e imparável, espoliando tendencialmente, grande parte do montante existente na carteira dos restantes portugueses, aproveitando o facto das pessoas precisarem de comer, para sobreviver. Sinceramente, não sei qual é o responsável principal deste esbulho, se refere exclusivamente aos produtores, aos distribuidores, ou ao comerciante final, ou se estão ambos combinados num cartel, sem paralelo, mas uma coisa nós já percebemos, que ao prejudicarem ostensivamente o consumidor, por tabela, penalizam simultaneamente as outras atividades de negócio, não deixando margem para absolutamente mais nada.
Em face desta situação periclitante, que desencadeou a inflação, por toda a união europeia, o Banco Central Europeu, com a sua habitual frieza (exceto no tempo do governador Mário Draghi), empurra-nos sem freios, completamente para o abismo, gerando quase de certeza, uma recessão económica, trágica e destruidora, confirmado, por uma subida de juros implacável, num valor, nunca antes visto, com o desiderato de conter a perseverante inflação, ao invés de optar por um agravamento mais comedido, pois essa medida, só se traduz eficazmente, dizem os especialistas, passado ano e meio, de vigência e consolidação.
Contudo, mas dentro, deste quadro altamente melindroso, há quem seja menos afetado, com a senda inflacionária, designadamente a maioria das pessoas com mais de 65 anos. Esse grupo de indivíduos, não tendo praticamente despesas mensais com a habitação, além disso, sendo contemplados com o incremento das pensões de reforma, em 2022, atualizados á escala da inflação, e ainda sendo favorecidos com a emissão excessiva dos juros, dando rendimento ás suas eventuais poupanças, denotam um nível de vida, bem superior, a um casal da classe média que ronda os 36 e 45 anos, especialmente, com filhos a seu cargo, que não tem outra alternativa, senão sofrer na pele, com os instrumentos de tortura, do Banco Central Europeu.
Não bastando, essa ação desproporcional do B.C.E, a Senhora Lagarde, lança um ultimato aos governos, para retirarem imediatamente os apoios e subsídios, á população carenciada, não lhe ocorrendo, isso sim, cortar no seu majestoso salário, por pura sobranceria e despotismo, muito próprio dum tecnocrata empedernido.
Esta conjugação negativa, entre os preços descomunais dos bens comestíveis, o peso insustentável das taxas de juros, e o descalabro da habitação, fazem temer o pior, podendo estar em causa os valores democráticos, caso os governos não auxiliem com destreza os seus conterrâneos aflitos.
